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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

H. 11º- questões 1,2 e 3 ficha de estudo dirigida, respondida

A IMPLANTAÇÃO DO LIBERALISMO EM PORTUGAL
A – ANTECEDENTES E CONJUNTURA – manual, pp. 78-84
1. Mostrar a coexistência do Antigo Regime com forças predispostas à inovação no Portugal de inícios de Oitocentos
Nos inícios de Oitocentos (século XIX), Portugal era, ainda, um país onde permaneciam vivas as estruturas de Antigo Regime – sistema social, económico e político que vigorou na Europa, aproximadamente, entre os séculos XV e XVIII, correspondendo, cronologicamente, à Idade Moderna. Persistiam, assim, as seguintes características:
- uma sociedade de ordens, fortemente hierarquizada, em que prevaleciam os privilégios da nobreza e do clero;
- uma economia agrícola, de fraco rendimento, em que os camponeses viviam na dependência dos senhores das terras;
- um sistema político absolutista, submetido à regência do príncipe D. João (futuro rei D. João VI) e à repressão ditada pela Inquisição, pela Real Mesa Censória e pela Intendência-Geral da Polícia.
Contudo, simultaneamente, criava-se um clima propício à mudança. As principais forças de inovação eram:
- a Maçonaria (organização secreta que defendia os valores iluministas);
- a burguesia comercial, desejosa de se impor socialmente.  doc. 1, pp. 78-79
2. Explicar a invasão de Portugal pelas tropas napoleónicas
Em 1806, Napoleão Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, que proibia as nações europeias de comerciar com a Inglaterra. Portugal, aliado histórico da Inglaterra, desrespeitou o Bloqueio e, em consequência, sofreu três invasões francesas:
1ª liderada pelo general Junot em 1807-1808 (chega até Lisboa);
2ª comandada pelo marechal Soult em 1809 (chega até ao Porto, cujo bispo recusa a rendição; a tomada violenta da cidade redunda na fuga da população pela ponte das Barcas, que desabou. Soult retira-se após o envio de reforços de Inglaterra);
3ª chefiada pelo marechal Massena em 1810-1811 (graças às linhas de Torres Vedras, fortificações construídas por iniciativa do duque de Wellington, a passagem do exército de Massena é interceptada, retirando-se em 1811).  doc. 3-A, p. 81
3. Relacionar a conjuntura política, económica e social resultante das Invasões Francesas com a Revolução Liberal de 1820
As invasões francesas podem ser consideradas como uma causa indirecta da Revolução Liberal portuguesa de 1820, na medida em que criaram uma conjuntura propícia à mudança, a vários níveis:
1º Conjuntura política:
a) A família real, juntamente com todos os que representavam a monarquia e os súbditos que quisessem acompanhar a viagem em navios privados (cerca de 15000 pessoas, no total), embarcou para o Brasil (1807). A ideia não era nova, pois já em épocas anteriores (por exemplo, aquando da invasão espanhola, em 1580) se havia pensado nessa possibilidade. Porém, a mudança da Corte para o Brasil, apesar de justificada, então, pela necessidade de preservar a independência de Portugal e de evitar a dissolução da dinastia de Bragança, foi entendida, pelos súbditos comuns, como uma verdadeira fuga, contribuindo, assim, para o descrédito da monarquia absoluta.
b) Na ausência de D. João VI (que apenas regressaria em 1821), Portugal ficou sob o domínio do marechal inglês William Beresford (p. 82), tornado presidente da Junta Governativa. Beresford organizou a defesa contra os Franceses, controlou a economia e exerceu a repressão contra o Liberalismo nascente. Conquistou o ódio dos militares, que perdiam os postos de comando para os Ingleses, e da generalidade dos Portugueses que o viam como prepotente, tendo-se salientado o episódio da execução do general Gomes Freire de Andrade (doc. 4-B, p. 83) por envolvimento na conspiração liberal de 1817. A Revolução de 1820 viria a ser desencadeada aproveitando a ausência de Beresford, que se havia deslocado ao Brasil no intuito de solicitar ao rei poderes acrescidos.
c) A permanência dos Franceses no território português (apesar de serem os invasores impopulares), bem como o exemplo da revolução liberal espanhola de 1820, contribuíram para difundir as ideias liberais entre os Portugueses.
2º Conjuntura económica:
a) As invasões francesas, para além de responsáveis pela destruição material à passagem dos soldados, provocaram a desorganização em todos os sectores económicos e o défice financeiro.
b) A situação do Brasil como sede do reino (em consequência das invasões francesas) valeu-lhe a atenção do regente que, durante a sua estadia, tomou medidas favoráveis à economia brasileira, porém, muito contestadas pela burguesia da metrópole, destacando-se:
- em 1808, a abertura dos portos do Brasil, obrigando a burguesia portuguesa a competir com os estrangeiros pelo mercado brasileiro;
- em 1810, o tratado de comércio com a Inglaterra, que favorecia a entrada de manufacturas inglesas no Brasil.  doc. 5, pp. 84-85
3º Conjuntura social:
A burguesia, sendo o grupo mais afectado pela crise no comércio e na indústria decorrente das invasões francesas, era também o mais descontente, logo, mais inclinado à preparação da revolta. A tomada de consciência política traduziu-se na constituição do Sinédrio – associação secreta fundada por Manuel Fernandes Tomás, ligada à Maçonaria –, que preparou a rebelião.

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