HISTÓRIA A – 12º Ano
Grupo I (A Viragem para Outra Era)
Documento 1 | Discurso de
Mikhail Gorbatchev na ONU (7 de Dezembro de 1988)
O mundo em que vivemos hoje diferencia-se radicalmente
de como era no início e em meados do século. [...] Produziram-se grandes
mudanças sociais. [...]
O desejo de democratizar todos os sistemas políticos que regem o mundo
converteu-se numa poderosa força político-social de primeira ordem.
Paralelamente, a revolução
técnico-científica transformou numerosos problemas [...], que considerávamos
até há pouco como nacionais ou regionais, em problemas universais. [...]
Ao mesmo tempo, o crescimento da economia mundial
descobre as contradições e os limites de uma industrialização de tipo tradicional.
A sua expansão incontrolada leva-nos à catástrofe ecológica. [...]
Outro problema é que o fosso
entre os países desenvolvidos e a imensa maioria dos países em vias de
desenvolvimento não se reduz, e constitui uma ameaça cada vez maior à escala
mundial. [...]
Se queremos ter em conta as
lições do passado e as realidades do presente, ser consequentes com a lógica
objetiva do desenvolvimento mundial, devemos procurar e, sobretudo, procurar em
conjunto, a maneira de sanear a situação internacional, o modo de construir um
mundo novo. E sendo assim, vale a pena pormo-nos de acordo sobre as premissas e
os princípios fundamentais, realmente universais, que tal empresa requer.
É evidente, por exemplo, que a
força e a ameaça da força já não podem nem devem continuar a ser um instrumento
da política internacional. Referimo-nos, em primeiro lugar, ao armamento
atómico, mas não se trata unicamente disso. Todos, e em primeiro lugar os mais
fortes, devem limitar por si mesmos e excluir totalmente o uso da força no
exterior. [...]
O natural e o sensato seria não
renunciar ao que já adquirimos de positivo, fazer progredir tudo o que de bom
conseguimos nos últimos anos graças aos esforços conjuntos.
Refiro-me ao processo de negociações sobre o
desarmamento nuclear e as armas convencionais e químicas, à busca de soluções
políticas para acabar com os conflitos regionais e, em primeiro lugar, a um
diálogo político mais intenso, mais sincero, orientado para o cerne dos
problemas e não para a confrontação; para um intercâmbio não de acusações, mas
de considerações construtivas. Sem diálogo político, as negociações não
prosperarão. [...]
Nesta situação histórica, devemos equacionar, também, o
novo papel da ONU.
Consideramos indispensável que os Estados revejam a sua
relação com um organismo tão excecional como é a ONU: já não é possível
conceber a política mundial sem ela. A sua intensa atividade pacificadora
nestes últimos tempos demonstrou, novamente, que está em condições de ajudar os
seus membros a resolver os desafios ameaçadores dos nossos dias e a seguir o
caminho da humanização das relações entre eles. [.]
A segurança do mundo baseia-se nos princípios da Carta
da ONU, segundo os quais todos os Estados devem respeitar o direito
internacional.
Ao defender a desmilitarização
das relações internacionais, defendemos a supremacia dos métodos
político-jurídicos na solução dos problemas fundamentais. [...]
A democratização das relações internacionais não
significa unicamente que todos os membros da comunidade mundial internacionalizem
ao máximo a solução dos problemas. Significa também a humanização das relações.
As relações internacionais não
refletirão plenamente os verdadeiros interesses dos povos, não serão uma firme
garantia da sua segurança até que o centro de tudo seja o ser humano, as suas
inquietações, direitos e liberdades. [.]
M. Gorbatchev, «Discurso na
Assembleia Geral da ONU, em 7 de Dezembro de 1988», in Fernando Martinez Rueda e Mikel
Urquijo Goitia, Materiales para la historia del mundo actual -1, Madrid, Ediciones Istmo, SA,
2006 (adaptado)
1.1.Explicite três dos aspetos
da política internacional característicos do tempo da guerra fria criticados
por Gorbatchev.
I.2. Enuncie três dos problemas mundiais que, segundo o
autor, têm de ser resolvidos para «[...] construir um mundo novo.» [linha 14].
I.3. Explique quatro dos princípios indispensáveis à
construção da nova ordem internacional expressos no documento.
FIM
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