Páginas

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014


1.3. A afirmação de novas potências (PP.66 DO MANUAL)
1.3.1. O rápido crescimento do JapãO
ê Os fatores de desenvolvimento / O “milagre Japonês”
O “milagre japonês” beneficiou de uma conjuntura favorável. A ocupação americana modernizou as estruturas políticas e sociais do país. Os Estados Unidos disponibilizaram importantes ajudas financeiras e técnicas que permitiram uma rápida reconstrução económica (através do Plano Dodge); fizeram aprovar a Constituição de 1945; incentivaram o controlo da natalidade e o acesso ao ensino. Após a vitória de Mao Tsé-Tung na China, em 1949, o Japão passou a ser visto como um precioso aliado do bloco ocidental no Oriente.

Estabilidade política, assegurada pelo Partido Liberal-Democrata no poder desde 1955.

A mentalidade japonesa foi também um importante fator de crescimento. Os lucros foram reinvestidos continuamente e os trabalhadores chegavam a doar à empresa os seus pequenos aumentos de salário para promover a renovação tecnológica.

Esta ligação afetiva entronca na tradição japonesa do trabalho vitalício que transforma o patrão no protetor dos seus funcionários, os quais, por sua vez, dedicam uma incondicional lealdade à empresa.

Munido de mão de obra abundante e barata e de um sistema de ensino abrangente mas altamente competitivo, o Japão lançou-se à tarefa de se transformar na 1ª sociedade de consumo da Ásia.


O primeiro desenvolvimento da economia japonesa decorreu entre 1955 e 1961. Neste curto período, a produção industrial praticamente triplicou.

Os setores que, neste período, adquirem maior dinamismo são os da indústria pesada (construção naval, máquinas-ferramentas, química) e dos bens de consumo duradouros (tv’s, rádios, frigoríficos, etc.)

O comércio externo acompanha esta expansão: as exportações duplicam, assim como as importações.

Depois de um período de estagnação, no início dos anos 60, a economia japonesa conheceu um 2º surto de crescimento tão possante quanto o anterior.

Entre 1966 e 1971, a produção industrial duplicou e criaram-se 2,3 milhões de novos postos de trabalho. Além do desenvolvimento dos setores clássicos (como a siderurgia) este surto de crescimento assenta, sobretudo, em novos setores (produção de automóveis, tv’s a cores…)

Este 2º desenvolvimento fez do Japão a 3ª maior potência económica mundial, atrás dos EUA e da URSS.

1.3.2. O Afastamento da China do bloco soviético (P.70)

O comunismo chinês foi marcado pela personalidade carismática do seu líder Mao Tsé-Tung.

Ao contrário do marxismo tradicional, Mao enfatizava o papel dos camponeses, aos quais atribuía a liderança revolucionária -> maoísmo.


Maoísmo: Regime instalado na China pelo Partido Comunista Chinês, chefiado por Mao Tsé-Tung, diferenciado do marxismo-leninismo, sua principal fonte de inspiração, pela substituição do proletariado pelo campesinato enquanto classe revolucionária, e pela Revolução Cultural, no sentido de acelerar a construção do comunismo.


O maoísmo assumiu como objetivo a revolução total protagonizada pelas masssas e não pelas estruturas de Poder, para isso, recorreu a grandes campanhas de natureza ideológica.

è Devia-se “agir de acordo com as necessidades e as aspirações das massas”

 
Mao lança, em 1957, uma campanha de “retificação”          dos erros cometidos pelo Partido, cuja atuação parecia afastar-se das massas.

Esta política foi complementada, em 1958, com o “grande salto em frente”: que tinha por base o fomento da agricultura e a integração dos camponeses em comunas populares lideradas pelo Partido Comunista Chinês. A prioridade à indústria pesada foi então posta de lado e a ênfase passou para os campos, onde se deviam desenvolver tanto as produções agrícolas como pequenas industrias locais. No entanto, esta reforma redundou em fracasso (1960), pois os meios técnicos eram reduzidos e os métodos de trabalho utilizados nas oficinas eram antiquados.

 

Em vez da subserviência a Moscovo, Mao estabeleceu, ele mesmo, os fundamentos doutrinários de um socialismo nacionalista. Criticou o comunismo de Kruchtchev, acusando-o de não “escutar a opinião das massas”.

 
Em 1964 o culto a Mao e ao maoísmo foi estimulado através da chamada Revolução Cultural, movimento que pretendia aniquilar todas as manifestações culturais – na literatura, na arte, no ensino – que se afastassem do modelo socialista de Mao. A propaganda ideológica tinha por base o “livro vermelho” que reunia citações de Mao e que era venerado como detentor da verdade absoluta. A revolução cultural deu origem a excessos de agitação social que resultaram na humilhação, perseguição e assassínio de muitos cidadãos considerados contrarrevolucionários.


Os esforços de Mao foram coroados de êxito quando, em 1971, o país entra para a ONU.

1.3.3. A ascensão da Europa (P.74)
A Europa reconheceu a sua herança cultural comum e a necessidade de se unir para reencontrar a prosperidade económica e, se possível, a sua influência política.

ê Da CECA à CEE

O Primeiro passo consistente para a cooperação europeia resultou da Declaração Shumam, que pretendia a cooperação entre a França e a Alemanha no domínio da produção do carvão e do aço. Desta iniciativa resultou a CECA – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo). A CECA estabeleceria uma zona conjunta minero-siderurgica sob a orientação de uma Alta Autoridade supranacional.

Em 1957, surge, finalmente, a Comunidade Económica Europeia – CEE, constituída pelos 6 países referidos. A CEE, cujos fundamentos foram expressos no Tratado de Roma (1957) tinha objetivos predominantemente económicos:

·       Estabelecimento de um mercado comum;

·       Aproximação progressiva das políticas económicas;

·       Expansão económica contínua e equilibrada;

·       Livre prestação de serviços;

·       Estabelecimento de uma política comum na área da agricultura, dos transportes e da produção energética – é criada a EURATOM [Comissão Europeia de Energia Atómica – com um funcionamento independente da CEE]

A união aduaneira prevista no Tratado de Roma veio a concretizar-se em 1968, traduzindo-se, desde logo, num forte aumento das trocas intercomunitárias.

1.3.3. A segunda vaga de descolonizações (P.76)

             A política de Não-Alinhamento  (P.82)
ê A descolonização Africana

O processo de descolonização em África seguiu o sentido norte-sul: primeiramente tornaram-se independentes os países do norte de África e, progressivamente, os países da África Negra foram reclamando autonomia, onde se organizam também movimentos nacionalistas que encabeçam a luta contra o estado colonizador.

Movimentos Nacionalistas: Expressão utilizada para designar a afirmação de valores, de interesses e de especificidades socioculturais que diferenciam uma nação de outras e que, no caso das colónias dependentes de países europeus, se confundiu com os movimentos de libertação constituídos com o objetivo de conseguir a autodeterminação das colónias.


Com o fim de criarem um sentimento de identidade nacional e de fazerem reviver o orgulho perdido, os líderes nacionalistas promovem a revalorização das raízes ancestrais do seu povo, a sua cultura comum, difundindo a ideia de que ela é tão válida como a civilização dos europeus civilizadores.  

A luta pela independência assume, assim, a dupla vertente de uma luta política e de uma luta contra a pobreza e o atraso económico

O processo independentista contou com o apoio da ONU, que, honrando os ideais de igualdade e justiça, se colocou inequivocamente ao lado dos povos dominados. Em 1960, a Assembleia Geral aprovou a Resolução de 1514 que consagra o direito à autodeterminação dos territórios sob administração estrangeira e condena qualquer ação armada das metrópoles.

1960 -> “O ano da descolonização”, o mundo viu nascer 18 novos países.

ê Um Terceiro Mundo

 
Nas 3 décadas que se seguiram ao conflito mundial constituíram-se cerca de 70 novos países na Ásia e na África -> são estes que constituem o Terceiro Mundo.

  Nascido da descolonização, o Terceiro Mundo permaneceu sob a dependência económica dos países ricos.

Estes países continuaram a explorar, através de grandes companhias, as matérias-primas, minerais e agrícolas do mundo subdesenvolvido, fornecendo-lhe, como no passado, produtos manufaturados.

Tal situação tem perpetuado o atraso destas regiões: por um lado, os lucros das companhias não são reinvestidos no local; por outro, enquanto o preço dos produtos industriais têm vindo a subir, o valor das matérias-primas, tem decaído

Considerada um verdadeiro neocolonialismo, tal situação foi, desde logo, denunciada pelas nações do Terceiro Estado, que reivindicaram, sem sucesso, a criação de uma “nova ordem económica internacional”.

 
Neocolonialismo: Palavra que designa algumas formas de domínio financeiro, tecnológico, económico, político ou cultural de um Estado sobre as suas antigas colónias ou sobre estados recentemente descolonizados.

ê A política de não-alinhamento (P.76)

Para além da sua aceção económica, social, a expressão do Terceiro Mundo reveste também uma conotação política: os novos países representam a possibilidade de uma terceira via, uma alternativa relativamente aos blocos capitalista e comunista.

Os países saídos da descolonização cedo se esforçaram por estreitar os laços que os unem e por marcar posição na política internacional. Em 1955 convoca-se uma conferência para definir as linhas gerais de atuação dos países recém-formados. A conferência, em Bandung, na Indonésia, reuniu 29 delegações afro-asiáticas.  

Foi possível adotar um conjunto de princípios que definem as posições políticas do Terceiro Mundo: condenação do colonialismo, rejeição da política dos blocos, apelo à resolução pacífica dos diferendos internacionais.

A conferência da Bandung teve um efeito notável no processo de descolonização

A mensagem da Bandung foi tomando corpo através de sucessivos encontros internacionais que desembocaram no Movimento dos Não-Alinhados, criado oficialmente na conferência de Belgrado, empenhando-se no estabelecimento de uma via política alternativa à bipolarização mundial.

O não-alinhamento atraiu um número crescente de países da Ásia, da África e da América e tornou-se o símbolo do sonho de independência e de liberdade das nações mais frágeis.

Embora muitas vezes designado por neutralismo, este movimento não teve por objetivo permanecer neutro face às grandes questões mundiais.

 
1.4. O termo da prosperidade económica: origens e efeitos (P.84)

        Os “trinta gloriosos” anos de abundância e crescimento económico do mundo capitalista cessaram bruscamente, em 1973

        A crise afetou essencialmente os setores siderúrgico, a construção naval e automóvel bem como o têxtil. Muitas empresas fecharam, outras reconverteram a sua produção e o desemprego subiu em flecha.

Paralelamente a inflação tornou-se galopante. Este fenómeno inédito recebeu o nome de estaglaçao, termo que aglutina as palavras estagnação e inflação.

ê Os fatores da crise
A interrupção do crescimento económico nos anos 70 deveu-se, sobretudo, à conjugação de 2 fatores: a crise energética e a instabilidade monetária.

Nos finais da década de 60, o petróleo era a fonte de energia básica de que dependiam os países industrializados.

Em 1973, os países do Médio Oriente, membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiram subir o preço de venda do petróleo para o quádruplo, numa tentativa de pressionar o Ocidente a desistir de auxiliar Israel na guerra israelo-palestiniana.

Em 1979, a situação agravar-se-á com novas subidas de preço devido à crise política no Irão e à posterior guerra Irão-Iraque.

Estes “choques petrolíferos” que multiplicaram por 12 o preço do petróleo provocaram um acentuado aumento dos custos de produção dos artigos industriais e, consequentemente, o encarecimento dos artigos junto do consumidor, gerando uma escalada da inflação.  

Um outro fator determinante desta depressão económica foi a instabilidade monetária.

A excessiva quantidade de moeda posta em circulação pelos Estados Unidos levou o presidente Nixon a suspender a convertibilidade do dólar em ouro, o que desregulou o sistema monetário internacional. Segundo alguns analistas, foi esta instabilidade monetária, mais do que a crise energética, a responsável pelo enfraquecimento económico dos anos 70.

 
ê Uma crise relativa

 
A crise dos anos 70 introduziu um novo ciclo económico que intercala períodos de crescimento e estagnação.

       Ainda que a um ritmo mais lento, o crescimento económico manteve-se, alguns setores industriais reconverteram-se, enquanto outros, ligados às novas tecnologias conheceram um forte impulso.

                Também no aspeto social esta crise não atingiu a dimensão estratégica da Grande Depressão. As estruturas do Estado Providência, reforçadas após o 2º conflito mundial, cumpriram cabalmente o seu papel, amparando o desemprego e evitando situações de miséria extrema e generalizada. 

 

 

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário