O TEMPO E O ESPAÇO DA
CULTURA DO MOSTEIRO
Entre os séculos V e IX a
Europa conheceu duas vagas de invasões. A primeira aconteceu nos séculos
V-VI, por parte dos povos Germanos, entre os quais os Visigodos, os
Suevos, os Ostrogodos, os Anglo-Saxões, os Francos e os Vândalos. Estas
invasões levaram à queda de Roma, em 476, e, com isso, provocaram
o fim do Império Romano do Ocidente, o fim da Idade Antiga e o início
da Idade Média. Em consequência destes factos, verificou-se a fundação
dos Reinos «Bárbaros», nomeadamente, do Visigodo (na Península
Ibérica), do Franco (na atual França), do Anglo-Saxão (na atual
Grã-Bretanha) e do Ostrogodo (na atual Itália). A partir de então, formou-se
um novo mapa político na Europa e, por outro lado, a Igreja Católica dedicou-se
a pacificar e a cristianizar os «Bárbaros», o que fez com que o
poder e a influência da Igreja Católica crescessem.
A segunda vaga de invasões ocorreu
nos séculos VIII-X, por parte dos Árabes, ou Muçulmanos,
dos Normandos, ou «Vikings», e dos Magiares, ou Húngaros.
Estas novas invasões produziram um clima de insegurança, que levou, por
um lado, à ruralização, isto é, a fuga da cidade para o campo, e, por
outro, à regressão económica, ou seja, a uma agricultura de
subsistência e ao enfraquecimento do comércio. Estes fatores
conduziram ao reforço do poder dos senhores nobres (guerreiros e
proprietários de terras), os únicos a poderem defender as populações. Foi esta
situação que esteve na origem do FEUDALISMO, o sistema vigente na Europa
dos séculos IX-XII, caracterizado por um poder político fragmentado (o rei era
apenas um senhor entre senhores), por uma sociedade assente em relações de
dependência de homem para homem e por uma economia de base agrícola.
O Românico (estilo
artístico dos séculos X – XII) desenvolveu-se no contexto de uma Europa
Ocidental dominada pelo Monaquismo e pelo poder da Igreja (simbolizado
pelo Mosteiro), que desempenhou um papel unificador da ideologia e da
cultura;
-pelo Feudalismo e pelo
poder da Nobreza (simbolizado pelo Castelo). O Românico
desenvolveu-se, ainda, no contexto de dois fenómenos importantes:
-
por um lado, as Peregrinações a Jerusalém, a Roma e, especialmente, a
Santiago de Compostela, em cujos “caminhos” se produziu a arte românica;
- por outro lado, as Cruzadas
(1096-1270), que resultaram no conhecimento de antigos textos gregos
preservados em árabe, da decoração oriental (bizantina), de novas formas
artísticas e de padrões de vida mais desenvolvidos, para além de terem reaberto
as vias comerciais do Mediterrâneo, com a consequente recuperação do comércio
internacional, da vida urbana e da força militar antigas.
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