1.3. A afirmação de novas potências (PP.66 DO MANUAL)
1.3.1. O rápido crescimento do JapãO
ê
Os fatores de desenvolvimento / O “milagre Japonês”
O
“milagre japonês” beneficiou de uma conjuntura favorável. A ocupação
americana modernizou as estruturas políticas e sociais do país. Os Estados
Unidos disponibilizaram importantes ajudas financeiras e técnicas que
permitiram uma rápida reconstrução económica (através do Plano Dodge); fizeram aprovar a Constituição de 1945; incentivaram
o controlo da natalidade e o acesso ao ensino. Após a vitória de Mao Tsé-Tung
na China, em 1949, o Japão passou a ser visto como um precioso aliado do bloco
ocidental no Oriente.
Estabilidade
política,
assegurada pelo Partido Liberal-Democrata no poder desde 1955.
A mentalidade japonesa
foi também um importante fator de crescimento. Os lucros foram reinvestidos
continuamente e os trabalhadores chegavam a doar à empresa os seus pequenos
aumentos de salário para promover a renovação tecnológica.
Esta
ligação afetiva entronca na tradição japonesa do trabalho vitalício que
transforma o patrão no protetor dos seus funcionários, os quais, por sua vez,
dedicam uma incondicional lealdade à empresa.
Munido
de mão de obra abundante e barata e de um sistema de ensino abrangente mas
altamente competitivo, o Japão lançou-se à tarefa de se transformar na 1ª
sociedade de consumo da Ásia.
O primeiro
desenvolvimento da economia japonesa decorreu entre 1955
e 1961. Neste curto período, a produção industrial praticamente
triplicou.
Os
setores que, neste período, adquirem maior dinamismo são os da indústria
pesada (construção naval, máquinas-ferramentas, química) e dos bens
de consumo duradouros (tv’s, rádios, frigoríficos, etc.)
O comércio
externo acompanha esta expansão: as exportações duplicam, assim como as
importações.
Depois
de um período de estagnação, no início dos anos 60, a economia japonesa
conheceu um 2º surto de crescimento tão possante quanto o anterior.
Entre
1966 e 1971, a
produção industrial duplicou e criaram-se 2,3 milhões de novos postos de
trabalho. Além do desenvolvimento dos setores clássicos (como a
siderurgia) este surto de crescimento assenta, sobretudo, em novos
setores (produção de automóveis, tv’s a cores…)
Este
2º desenvolvimento fez do Japão a 3ª maior potência económica mundial,
atrás dos EUA e da URSS.
1.3.2. O Afastamento da China do bloco
soviético (P.70)
O
comunismo chinês foi marcado pela personalidade carismática do seu líder Mao Tsé-Tung.
Ao
contrário do marxismo tradicional, Mao enfatizava o papel dos camponeses, aos
quais atribuía a liderança revolucionária -> maoísmo.
Maoísmo:
Regime instalado na
China pelo Partido Comunista Chinês, chefiado por Mao Tsé-Tung, diferenciado
do marxismo-leninismo, sua principal fonte de inspiração, pela substituição
do proletariado pelo campesinato enquanto classe revolucionária, e pela
Revolução Cultural, no sentido de acelerar a construção do comunismo.
|
O maoísmo assumiu como
objetivo a revolução total protagonizada pelas masssas e não pelas estruturas
de Poder, para isso, recorreu a grandes campanhas de natureza ideológica.
è
Devia-se
“agir de acordo com as necessidades e as
aspirações das massas”
Mao
lança, em 1957, uma campanha de “retificação”
dos erros cometidos pelo Partido, cuja atuação parecia afastar-se das massas.
Esta
política foi complementada, em 1958, com o “grande salto em frente”: que
tinha por base o fomento da agricultura
e a integração dos camponeses em comunas populares lideradas pelo Partido
Comunista Chinês. A prioridade à indústria pesada foi então posta de lado e
a ênfase passou para os campos, onde se deviam desenvolver tanto as produções
agrícolas como pequenas industrias locais. No entanto, esta reforma redundou em fracasso (1960), pois os meios técnicos
eram reduzidos e os métodos de trabalho utilizados nas oficinas eram
antiquados.
Em
vez da subserviência a Moscovo, Mao estabeleceu, ele mesmo, os fundamentos
doutrinários de um socialismo nacionalista. Criticou
o comunismo de Kruchtchev, acusando-o de não “escutar a opinião das massas”.
Em 1964 o culto a Mao e ao maoísmo foi
estimulado através da chamada Revolução
Cultural, movimento que pretendia aniquilar todas as manifestações
culturais – na literatura, na arte, no ensino – que se afastassem do modelo
socialista de Mao. A propaganda ideológica tinha por base o “livro vermelho” que reunia citações
de Mao e que era venerado como detentor da verdade absoluta. A revolução
cultural deu origem a excessos de agitação social que resultaram na humilhação,
perseguição e assassínio de muitos cidadãos considerados
contrarrevolucionários.
Os
esforços de Mao foram coroados de êxito quando, em 1971, o país entra para a
ONU.
1.3.3. A ascensão da
Europa (P.74)
A Europa reconheceu a sua herança
cultural comum e a necessidade de se unir para reencontrar a prosperidade económica
e, se possível, a sua influência política.
ê
Da CECA à CEE
O
Primeiro passo consistente para a cooperação europeia resultou da Declaração
Shumam, que pretendia a cooperação entre a França e a Alemanha no domínio da
produção do carvão e do aço. Desta iniciativa resultou a CECA – Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço (Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e
Luxemburgo). A CECA estabeleceria uma zona conjunta minero-siderurgica sob a
orientação de uma Alta Autoridade supranacional.
Em
1957, surge, finalmente, a Comunidade Económica Europeia – CEE,
constituída pelos 6 países referidos. A CEE, cujos fundamentos foram expressos
no Tratado de Roma (1957) tinha objetivos predominantemente económicos:
·
Estabelecimento
de um mercado comum;
·
Aproximação
progressiva das políticas económicas;
·
Expansão
económica contínua e equilibrada;
·
Livre
prestação de serviços;
·
Estabelecimento
de uma política comum na área da agricultura, dos transportes e da produção
energética – é criada a EURATOM [Comissão Europeia de Energia Atómica – com um
funcionamento independente da CEE]
A união aduaneira
prevista no Tratado de Roma veio a concretizar-se em 1968, traduzindo-se, desde
logo, num forte aumento das trocas intercomunitárias.
1.3.3. A segunda vaga de descolonizações (P.76)
A política de Não-Alinhamento (P.82)
ê
A descolonização Africana
O
processo de descolonização em África seguiu o sentido norte-sul: primeiramente
tornaram-se independentes os países do norte de África e, progressivamente, os
países da África Negra foram reclamando autonomia, onde se organizam também movimentos
nacionalistas que encabeçam a luta contra o estado colonizador.
Movimentos
Nacionalistas: Expressão utilizada para designar a afirmação de
valores, de interesses e de especificidades socioculturais que diferenciam
uma nação de outras e que, no caso das colónias dependentes de países
europeus, se confundiu com os movimentos de libertação constituídos com o
objetivo de conseguir a autodeterminação das colónias.
|
Com
o fim de criarem um sentimento de identidade nacional e de fazerem reviver o
orgulho perdido, os líderes nacionalistas promovem a revalorização das raízes
ancestrais do seu povo, a sua cultura comum, difundindo a ideia
de que ela é tão válida como a civilização dos europeus civilizadores.
A luta
pela independência assume, assim, a dupla vertente de uma luta
política e de uma luta contra a pobreza e o atraso económico
O
processo independentista contou com o apoio da ONU, que, honrando os ideais de
igualdade e justiça, se colocou inequivocamente ao lado dos povos dominados. Em
1960, a Assembleia Geral aprovou a Resolução
de 1514 que consagra o direito à autodeterminação dos territórios
sob administração estrangeira e condena qualquer ação armada das metrópoles.
1960
-> “O ano da descolonização”, o mundo viu nascer 18 novos países.
ê
Um Terceiro Mundo
Nas
3 décadas que se seguiram ao conflito mundial constituíram-se cerca de 70 novos
países na Ásia e na África -> são estes que constituem o Terceiro
Mundo.
Estes
países continuaram a explorar, através de grandes companhias, as
matérias-primas, minerais e agrícolas do mundo subdesenvolvido, fornecendo-lhe,
como no passado, produtos manufaturados.
Tal
situação tem perpetuado o atraso destas regiões: por um lado, os lucros das
companhias não são reinvestidos no local; por outro, enquanto o preço dos
produtos industriais têm vindo a subir, o valor das matérias-primas, tem
decaído
Considerada
um verdadeiro neocolonialismo,
tal situação foi, desde logo, denunciada pelas nações do Terceiro Estado, que
reivindicaram, sem sucesso, a criação de uma “nova ordem económica
internacional”.
Neocolonialismo:
Palavra que designa
algumas formas de domínio financeiro, tecnológico, económico, político ou
cultural de um Estado sobre as suas antigas colónias ou sobre estados
recentemente descolonizados.
|
ê
A política de não-alinhamento (P.76)
Para
além da sua aceção económica, social, a expressão do Terceiro Mundo reveste
também uma conotação política: os novos países representam a possibilidade de
uma terceira via, uma alternativa relativamente aos blocos capitalista e
comunista.
Os
países saídos da descolonização cedo se esforçaram por estreitar os laços que os unem
e por marcar posição na política internacional. Em 1955 convoca-se uma
conferência para definir as linhas gerais de atuação dos países recém-formados.
A conferência,
em Bandung,
na Indonésia, reuniu 29 delegações afro-asiáticas.
Foi
possível adotar um conjunto de princípios que definem as posições políticas do
Terceiro Mundo: condenação do colonialismo, rejeição da política dos blocos,
apelo à resolução pacífica dos diferendos internacionais.
A
conferência da Bandung teve um efeito notável no processo de descolonização
A
mensagem da Bandung foi tomando corpo através de sucessivos encontros
internacionais que desembocaram no Movimento dos Não-Alinhados,
criado oficialmente na conferência de Belgrado,
empenhando-se no estabelecimento de uma via política alternativa à bipolarização
mundial.
O
não-alinhamento atraiu um número crescente de países da Ásia, da África e da
América e tornou-se o símbolo do sonho de independência e de liberdade
das nações mais frágeis.
Embora
muitas vezes designado por neutralismo,
este movimento não teve por objetivo permanecer neutro face às grandes questões
mundiais.
1.4. O termo da prosperidade económica: origens e efeitos (P.84)
Os “trinta gloriosos” anos de
abundância e crescimento económico do mundo capitalista cessaram bruscamente,
em 1973
A crise afetou essencialmente os
setores siderúrgico, a construção naval e automóvel bem como o têxtil. Muitas empresas
fecharam, outras reconverteram a sua produção e o desemprego subiu em flecha.
Paralelamente
a
inflação tornou-se galopante. Este fenómeno inédito recebeu o nome de estaglaçao, termo que aglutina
as palavras estagnação e inflação.
ê
Os fatores da crise
A
interrupção do crescimento económico nos anos 70 deveu-se, sobretudo, à
conjugação de 2 fatores: a crise energética e a instabilidade monetária.
Nos
finais da década de 60, o petróleo era a fonte de energia
básica de que dependiam os países industrializados.
Em
1973, os países do Médio Oriente, membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo) decidiram subir o preço de venda do petróleo para o
quádruplo, numa tentativa de pressionar o Ocidente a desistir de
auxiliar Israel na guerra israelo-palestiniana.
Em
1979, a situação agravar-se-á com novas subidas de preço devido à crise
política no Irão e à posterior guerra Irão-Iraque.
Estes
“choques
petrolíferos” que multiplicaram por 12 o preço do petróleo provocaram
um acentuado aumento dos custos de produção dos artigos industriais e,
consequentemente, o encarecimento dos artigos junto do consumidor, gerando uma
escalada da inflação.
Um
outro fator determinante desta depressão económica foi a instabilidade monetária.
A
excessiva quantidade de moeda posta em circulação pelos Estados Unidos levou o
presidente Nixon a suspender a convertibilidade do dólar em ouro, o que
desregulou o sistema monetário internacional. Segundo alguns analistas, foi
esta instabilidade monetária, mais do que a crise energética, a responsável
pelo enfraquecimento económico dos anos 70.
ê
Uma crise relativa
A crise dos anos 70
introduziu um novo ciclo económico
que intercala períodos de crescimento e estagnação.
Ainda que a um ritmo mais lento, o crescimento
económico manteve-se, alguns setores industriais reconverteram-se,
enquanto outros, ligados às novas tecnologias conheceram um forte impulso.
Também no aspeto social esta
crise não atingiu a dimensão estratégica da Grande Depressão. As estruturas do
Estado Providência, reforçadas após o 2º conflito mundial, cumpriram cabalmente
o seu papel, amparando o desemprego e evitando situações de miséria extrema e
generalizada.
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